Angela Torresan
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Sou antropóloga visual brasileira imigrante, nascida no Rio de Janeiro e residente no Reino Unido. Cursei a graduação em Ciências Sociais e mestrado em Antropologia Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Minha trajetória pessoal me levou à Inglaterra e ao doutorado em Antropologia Social com Mídia Visual na Universidade de Manchester. Quase uma década depois, tendo vivido em Lisboa, Nova Iorque e Los Angeles, voltei para Manchester como professora universitária.

Cheguei à antropologia visual não por um desconforto epistemológico com a palavra escrita, mas pela curiosidade de explorar o que era possível saber de forma diferente ou melhor com uma câmera de vídeo. Trabalhei com fotografia durante minhas pesquisas sobre processos de etnogênese entre povos indígenas da região Nordeste do Brasil e quando investiguei a identidade de jovens imigrantes brasileiros em Londres. Embora os assuntos não pudessem ser mais distintos, a questão de como contextos sociais e políticos interagem com as experiências subjetivas de formação de identidade era semelhante. A fotografia mostrava a materialidade de corpos específicos posicionados em espaços geográficos determinados, mas excluía os sons do ambiente de dos depoimentos orais. Com o vídeo, sinto que posso ter acesso ao que as mídias visuais e textuais têm de melhor a oferecer. Porém, o que é mais significativo, a mídia audiovisual se dá a projetos de colaboração de forma não tão acessível à palavra escrita. No meu entender, fazer antropologia no mundo em que vivemos hoje só faz sentido se nos engajarmos em processos colaborativos; se nossos interesses acadêmicos estiverem em sincronia com os interesses daqueles com quem colaboramos. Essa não é uma tarefa simples, mas é a que norteia minha prática como antropóloga visual.

Meu último trabalho com vídeo, Vistas do Vidigal, está exposto nas páginas deste site. É um exemplo do que pode ser feito com uma tecnologia muito simples, leve e fácil de usar: uma pequena câmera sem nenhum equipamento extra (tripé, microfone externo, luz extra), usada em colaboração com as pessoas com quem trabalhei numa favela da Zonal Sul do Rio de Janeiro. Minha intenção é a de expandir essa abordagem colaborativa para um processo de co-autoria em meus projetos audiovisuais futuros. A autoria compartilhada pressupõe o reconhecimento da autonomia e do potencial criativo de todos envolvidos, e requer responsabilidade compartilhada em relação aos resultados. A antropologia visual está bem posicionada para contribuir com a co-criação de conhecimento que possa ser disseminado e compartilhado para além dos muros da academia.

English Views of Vidigal

Portuguese Vistas do Vidigal